Uma das vítimas é uma adolescente boliviana que veio ao Brasil com a promessa de emprego e melhores condições de vida
Policiais Militares de São Paulo resgataram, nesta sexta-feira (10), dez pessoas que viviam em condições análogas à escravidão dentro de uma oficina de costura instalada em um galpão no bairro Jaraguá, zona norte de São Paulo. A ação foi deflagrada após a denúncia da família de uma adolescente boliviana que havia sido trazida ao Brasil sob falsas promessas de emprego e melhores condições de vida.
De acordo com as informações da Polícia Militar, a jovem foi aliciada por intermediários e, ao cruzar a fronteira, perdeu contato com seus familiares. Desesperados, os parentes acionaram as autoridades, que conseguiram localizar o local exato do galpão onde a adolescente e outras nove pessoas estavam sendo exploradas.
As vítimas, todas de origem boliviana, foram encontradas trabalhando em ambiente insalubre, sem ventilação adequada, e dormindo no próprio local de serviço. Elas relataram jornadas exaustivas, falta de alimentação adequada e retenção de documentos pessoais. Uma das mulheres afirmou que foi dopada ainda na fronteira e só recobrou a consciência já em São Paulo, quando começou a ser obrigada a costurar roupas por longas horas diárias.
A ocorrência foi inicialmente atendida pela Polícia Militar, que acionou a Polícia Federal (PF) ao constatar o indício de tráfico internacional de pessoas. Após análise, os agentes federais encaminharam o caso para a Polícia Civil, que registrou o crime no 72º Distrito Policial (Jaraguá). As investigações continuam para identificar os responsáveis pela oficina e os aliciadores que atuam na fronteira entre Brasil e Bolívia.
Os trabalhadores resgatados receberam atendimento médico e psicológico, além de abrigo temporário fornecido por órgãos de assistência social. O caso reacende o alerta sobre a exploração de imigrantes na indústria têxtil de São Paulo, que frequentemente envolve redes de tráfico de pessoas e condições degradantes de trabalho.
As autoridades destacam que denúncias de trabalho escravo ou tráfico de pessoas podem ser feitas de forma anônima pelo número 100, ou pelo aplicativo MPT Pardal, do Ministério Público do Trabalho.