Escavação com participação da UEA mostra ocupação indígena no AM há mais de 2 mil anos

Trabalho foi realizado na região do Alto do Rio Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira, e teve a colaboração de alunos indígenas da UEA

Escavações realizadas no município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus) revelaram fragmentos arqueológicos, que apontam a presença de povos indígenas na região há pelo menos 2 mil anos.

O trabalho contou com a participação de alunos do curso de Arqueologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e foi coordenado pelo Programa Arqueológico Intercultural do Noroeste Amazônico (Parinã).

O material recolhido encontra-se, atualmente, no Museu da Amazônia (Musa), para a identificação das peças. Após a análise do material, será possível traçar um histórico dos povos que habitaram a região do Alto Rio Negro, que hoje abriga a cidade mais indígena do Brasil, onde vivem 23 etnias.

Os vestígios foram encontrados nas escavações feitas em dois locais do município: na praça da diocese de São Gabriel da Cachoeira e no quintal do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Durante a coleta, uma quantidade significativa de objetos foi retirada, especialmente de fragmentos de cerâmica e material lítico.

Vinte e dois alunos indígenas da UEA de São Gabriel da Cachoeira realizaram as coletas dos materiais e acompanharam todo o processo, desde o início até o fim da escavação. Eles fazem parte das etnias Baré, Baniwa, Tukano, Piratapuia e Tariana, e estão na fase de conclusão do curso de Arqueologia no município, iniciado em 2018. 

Participaram das escavações profissionais do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); Museu da Amazônia (Musa); University College London (UCL); Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além de outros colaboradores.

A maioria dos pesquisadores envolvidos possui ampla trajetória de pesquisas na região do Alto Rio Negro que, segundo eles, abriga um vasto sítio arqueológico composto por terra preta e fragmentos.

A diretora do Centro de Estudos Superiores de São Gabriel da Cachoeira (CESSG), Prof.ª Dra. Solange do Nascimento, afirma que as atividades realizadas com a colaboração do curso de Arqueologia ganharam abrangência internacional, fato que evidencia a qualidade do ensino ofertado pela universidade.

“Esse trabalho irá fomentar pesquisas mundo afora. Será importantíssimo para que possamos contar a história desses povos, e a UEA está presente nesse processo, em parceria com o Parinã. É um esforço coletivo muito profícuo para o desenvolvimento da ciência na região Amazônica”, pontuou.

Odanilde Escobar, da etnia Baré, conta que o curso de Arqueologia despertou nela o desejo em adquirir ainda mais conhecimento. Ela foi aprovada no curso de Mestrado para atuar no Museu Emílio Goeldi, no Pará.

“Esse trabalho mexeu muito comigo, porque a cada peça, a cada achado, eu me sentia privilegiada por poder ver e tocar uma herança dos meus ancestrais. Fez com que eu quisesse entender, cada vez mais, o meu passado”, completou.

Um comentário

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