Maria Corina Machado prevê queda da ditadura de Maduro na Venezuela em meio a pressão militar dos EUA

Ganhadora do Nobel da Paz, Maria Corina Machado disse que o ditador deixará o poder “com ou sem negociação”

A líder opositora venezuelana María Corina Machado, recém-premiada com o Nobel da Paz de 2025, afirmou que o presidente Nicolás Maduro deixará o poder “com ou sem negociação”, em meio à crescente pressão internacional e à mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe.

“Com negociação, sem negociação, ele vai deixar o poder. Estamos em uma contagem regressiva”, declarou María Corina em entrevista à AFP, concedida três dias após o anúncio do prêmio.

A ativista dedicou o Nobel ao povo venezuelano e ao presidente americano Donald Trump, agradecendo o apoio à luta “contra a ditadura e pela restauração da democracia” na Venezuela.

Pressão militar e crise política

O prêmio foi anunciado em meio à escalada de tensões entre Caracas e Washington, após o envio de navios de guerra norte-americanos ao Caribe — operação que Maduro classificou como “assédio militar”. O governo dos EUA afirma que a missão tem como objetivo combater o narcotráfico, acusando o presidente venezuelano de liderar um cartel de drogas.

María Corina apoiou a iniciativa, mas rejeitou a ideia de uma invasão.

“A invasão que existe aqui é a dos cubanos, russos, iranianos, do Hezbollah, Hamas, dos cartéis de drogas e da guerrilha das Farc. Essa é a invasão que ocorre na Venezuela”, disse.

Segundo a opositora, Maduro está “encurralado” e “isolado”, após fraudar as eleições de 28 de julho de 2024, vencidas por Edmundo González Urrutia, conforme sua versão.

Garantias e alerta

María Corina afirmou que oferece garantias de segurança para uma eventual saída negociada do presidente, mas fez um alerta direto:

“Se ele insistir em aplicar mais e mais força, as consequências serão de sua responsabilidade direta, de mais ninguém.”

Ela evitou detalhar que consequências seriam essas, mas reforçou que a oposição aposta na pressão popular e internacional:

“Nós, venezuelanos, não temos armas de fogo; temos a palavra, a organização cidadã e a denúncia.”

Reconhecimento e alianças internacionais

María Corina contou que soube do Nobel ao ser acordada com um telefonema e disse ainda estar “processando” a notícia.

“Foi uma das maiores surpresas da minha vida. Acho que esse reconhecimento ao povo da Venezuela foi uma injeção de ânimo.”

A líder da oposição revelou manter comunicação constante com Washington e diálogo com governos da América Latina e da Europa. Ela também afirmou ter contato crescente com militares venezuelanos, que ainda juram lealdade a Maduro.

“Civis, militares, todos temos um papel a desempenhar. Qualquer ação que respeite as eleições presidenciais de 28 de julho será a restauração da Constituição”, afirmou.

Mesmo vivendo na clandestinidade há mais de um ano, María Corina assegura que o fim do regime está próximo.

“Não tenho dúvida de que estamos em uma contagem regressiva.”